Nos últimos dias muito se tem perguntado sobre o assunto, se o fungo Cordyceps realmente existe, devido a série de ficção: The Last of Us. Mas a ideia apresentada na série The Last of Us tem uma base científica real, embora seja uma dramatização extrema. Vamos a uma explicação mais detalhada sobre o Cordyceps, sua biologia, seus efeitos em insetos, sua relação com a série, e a possibilidade (ou não) de afetar humanos da mesma forma.
O fungo Cordyceps realmente existe? O que é o Cordyceps?
O fungo Cordyceps realmente existe na natureza por mais assustador que pareça, o Cordyceps é um gênero de fungos parasitas que compreende mais de 400 espécies conhecidas. Ele é encontrado principalmente em regiões tropicais e subtropicais da Ásia, como a China, Nepal, Butão e Tailândia. O mais conhecido entre eles é o Ophiocordyceps unilateralis, famoso por infectar formigas.
Esse fungo é do tipo entomopatogênico, ou seja, especializado em parasitar insetos. Ele se instala no corpo do hospedeiro e, aos poucos, consome seus tecidos. O fungo altera o comportamento da vítima, que passa a agir de maneira anormal — o que levou muitos a chamarem o fungo de “zumbi natural”.
Como o Cordyceps infecta os insetos?
O processo de infecção ocorre em várias etapas:
- Contato inicial: O esporo do Cordyceps entra em contato com o corpo de um inseto, geralmente uma formiga.
- Penetração: O fungo penetra na carapaça do inseto e começa a se espalhar internamente, consumindo seus tecidos.
- Manipulação comportamental: Uma das características mais impressionantes é que o fungo parece controlar o comportamento do hospedeiro. A formiga, por exemplo, abandona a colônia e sobe até um local alto, como a ponta de uma folha.
- Morte e crescimento: Depois que a formiga se fixa com suas mandíbulas no local ideal, ela morre. O fungo então rompe a carcaça e cresce para o ambiente externo, liberando novos esporos para infectar outros insetos.
Esse processo é tão específico e eficiente que certas espécies de Cordyceps infectam apenas um tipo de inseto.
O Cordyceps pode infectar humanos?
Atualmente, não há qualquer evidência científica de que o Cordyceps possa infectar humanos. Ele é altamente especializado em insetos, e sua estrutura biológica não é adaptada para sobreviver em organismos humanos, que possuem um sistema imunológico mais complexo e uma temperatura corporal mais alta do que os hospedeiros habituais.
A série The Last of Us parte do princípio hipotético de que, com as mudanças climáticas, o Cordyceps poderia evoluir para resistir a temperaturas mais altas e, assim, passar a infectar humanos. Essa ideia é cientificamente plausível apenas no campo da ficção científica — até o momento.
Cordyceps na medicina tradicional e moderna
Curiosamente, algumas espécies de Cordyceps são valorizadas na medicina tradicional chinesa. A espécie Cordyceps sinensis, por exemplo, é utilizada há séculos para tratar problemas respiratórios, fadiga e disfunções sexuais. Hoje em dia, suplementos com Cordyceps militaris são vendidos como antioxidantes e estimulantes naturais.
Estudos modernos indicam que o Cordyceps pode ter propriedades interessantes:
- Aumento da produção de ATP (energia celular)
- Ação anti-inflamatória
- Potencial anticancerígeno (em estágios muito iniciais de pesquisa)
- Estímulo ao sistema imunológico
No entanto, mais pesquisas são necessárias para validar esses efeitos de maneira definitiva.
The Last of Us: Ficção baseada na realidade
Na série e no jogo The Last of Us, o fungo Cordyceps sofre uma mutação e passa a infectar seres humanos, transformando-os em criaturas agressivas e sem controle, semelhantes a zumbis. A inspiração para essa ideia veio diretamente dos documentários da BBC, como o famoso episódio de Planet Earth que mostra o Cordyceps infectando uma formiga.
Embora a representação da série seja exagerada e fantasiosa, ela levanta questões interessantes sobre como fungos podem evoluir e afetar ecossistemas inteiros, algo que os micologistas (especialistas em fungos) já estudam com atenção.
Deve ser levado a sério?
O Cordyceps é um exemplo impressionante da complexidade da natureza. Embora não represente risco real para humanos, ele é uma poderosa metáfora para como organismos microscópicos podem afetar o comportamento de outras espécies — e até mesmo causar colapsos ecológicos.
A ficção de The Last of Us nos mostra um cenário pós-apocalíptico, mas a realidade é que os fungos, de maneira geral, são uma das forças mais poderosas e subestimadas do nosso planeta. Eles têm o poder de sustentar ou destruir ecossistemas e por isso merecem nossa atenção e precaução tanto na ciência quanto na cultura pop.
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