Sim, houve incidentes na história dos mórmons (A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias) em que membros da comunidade estiveram envolvidos em conflitos violentos com colonos ou outros grupos. O episódio mais conhecido e controverso é o Massacre de Mountain Meadows, ocorrido em 1857, no território de Utah.
O que foi o Massacre de Mountain Meadows?
Um grupo de colonos que viajava em uma caravana, conhecida como Baker-Fancher, foi atacado por uma milícia mórmon e seus aliados indígenas. Cerca de 120 homens, mulheres e crianças foram mortos. Inicialmente, tentou-se culpar os nativos americanos pelo massacre, mas investigações posteriores revelaram a participação direta de membros da comunidade mórmon.
Contexto histórico:
Tensões religiosas e políticas: Na época, os mórmons enfrentavam hostilidade por suas crenças e práticas, como a poligamia, e havia um clima de desconfiança mútua entre eles e o governo dos EUA.
Guerra de Utah: O massacre ocorreu durante um período de conflito entre os mórmons e o governo federal, conhecido como a Guerra de Utah (1857-1858), embora tenha sido mais um confronto político do que militar.
Consequências:
Depois disso, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias encobriu o seu envolvimento na matança por décadas, e culparam os índios Paiutes pelo massacre. Embora parte dos nativos tenha participado do ataque inicial, os historiadores estabeleceram ao longo do tempo que foram líderes e soldados mórmons que perpetraram o ataque. Foi somente em setembro de 2007, 150 anos após o massacre, que a Igreja reconheceu formalmente o papel de seus membros nos assassinatos.
O massacre gerou grande repercussão e manchou a reputação da comunidade mórmon. Anos depois, John D. Lee, um líder mórmon, foi julgado e executado por seu papel no massacre. A Igreja SUD (Santos dos Últimos Dias) posteriormente condenou o evento e expressou pesar pelas vítimas.
Filmes:
A história inspirou a série da Netflix mais vista no Brasil, Terra Indomável que retrata um período violento do meio-oeste americano: a guerra de Utah, que contrapôs colonos, governo, mórmons e nativos americanos em diversos conflitos que se espalharam pela região em 1857. Para atravessar a terra tortuosa, a trama se baseia em um contexto histórico real, e reconstrói, logo no primeiro episódio, uma das matanças mais violentas dos Estados Unidos: o Massacre de Mountain Meadows.
Quais foram as motivações do massacre?
As origens da primeira atrocidade de 11 de setembro derivam do assassinato de Joseph Smith, o fundador do mormonismo, que foi assassinado em Illinois em 27 de de junho de 1844, aos 38 anos. Smith e o irmão foram mortos por uma multidão furiosa na cidade de Carthage, enquanto aguardavam o julgamento por acusações de traição e conspiração pela destruição de um jornal independente que criticou sua liderança e ambições religiosas.
Após a morte de Smith, um de seus representantes, Brigham Young, que é retratado na trama, assumiu o comando da Igreja, e passou a impor uma liderança autoritária da fé. Desejando evitar ameaças à sua liderança, Young levou seus seguidores à região de Slat Lake Valley, onde passou a governar, desafiando o governo americano.
Nesse contexto, então espalharam-se boatos falsos de que o grupo de colonos que atravessava o país estaria envolvido na morte de Joseph Smith, o que incitou os fiéis a agir sob o comando de John D Lee. Ele, inclusive, foi o único a ser punido: após o massacre, acreditava-se que os nativos americanos eram os responsáveis pela matança, o que isentou os mórmons de julgamentos por anos. Duas décadas depois, no entanto, em meio a clamores populares, Lee acabou julgado e executado, e serviu como uma espécie de bode expiatório da igreja.
Conclusão:
Embora o massacre não represente a totalidade da história mórmon, ele é um exemplo de como conflitos religiosos, políticos e culturais podem levar a tragédias. Hoje, a Igreja SUD busca abordar esse capítulo de sua história com transparência e reflexão.
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